O vitral de José Ferreira encontrava-se em
péssimas condições no escritório da Chesf. Ele estava completamente
enferrujado, com vidros quebrados e em um local ruim para um vitral, pois não
recebia luz e nem tinha visibilidade. Para piorar, ele ainda sofreu (na década
de 1990) uma restauração mal feita e irresponsável onde colocaram peças de
resina e acrílico para fingir que era vidro além de usarem filetes de chumbo
para esconder vidros quebrados. Esse quadro calamitoso foi revertido graças ao
Atelier de Jobson Figueiredo e em 2010 finalmente o vitral de Ferreira recebeu
uma restauração de verdade.
O primeiro passo foi isolar sua antiga área e montar o canteiro de obra em seu
novo local. Depois disso, o vitral (de sete metros de largura por dois metros e
meio de altura) foi completamente desmontado, com seus cinquenta e seis painéis
e um total de cinco mil e trinta e quatro vidros. Todos os painéis foram
fotografados e numerados para a elaboração do mapa de danos, depois guardados
em gaveteiros confeccionados para abrigá-los.
A desmontagem do vitral revelou uma estrutura metálica completamente corroída
pela ferrugem e para solucionar isso, foram fabricadas novas estruturas
metálicas, agora usando o aço inox ao invés do ferro como forma de impedir a
ferrugem. Todas as novas peças foram confeccionadas na oficina de Jobson
Figueiredo em Igarassu sob o comando de Severino Gomes.
Os painéis desmontados passaram por um processo de lavagem com água, querosene
e bicarbonato de sódio. Todos foram analisados para se detalhar o mapa de
danos, nesse ponto, foi encontrada a herança da "restauração"
anterior. No primeiro erro encontrado pensou-se que era uma exceção, mas ao
progredir com a análise foi constatado que a quantidade de irregularidades era
tão grande que o descaso era uma regra da intervenção da década de 1990. Os principais
erros são peças de resina ou acrílico que foram colocadas de forma falsa no
lugar do vidro e filetes de chumbo falsos que tentam esconder peças de vidro
quebradas. Naturalmente tudo foi catalogado e arquivado para controle, então,
essa restauração de Jobson (2009/2010) teve de lidar com os danos naturais
causados pelo tempo e ainda com a irresponsabilidade de pessoas sem
qualificação que tinham feito a “restauração” anterior.
Com o mapa de danos completamente montado, começou o serviço de reposição de
peças quebradas, rachadas ou com material incorreto, usando-se de um grande
catálogo de cores para vidros, além de eventuais substituições das cantoneiras
de chumbo. Essa, com certeza, é a etapa mais trabalhosa do processo, pois são
feitos os seguintes trabalhos: minuciosa análise das necessidades; desmonte da
peça; retirada das peças problemáticas; corte preciso dos novos vidros com a
forma e cor correta; colocação das peças substitutas; remontagem do painel com
novas cantoneiras de chumbo; aplicação de massa para vidro para vedá-lo e
finalmente a nova limpeza.
Depois de fazer esse serviço em todos os painéis, o momento final foi a
montagem do vitral em sua nova localização. Com a restauração concluída e o
vitral recebendo luz diariamente, todos que passam pelo hall da Chesf, no Bongi,
se impressionaram com a beleza do trabalho. Vida nova a uma obra de arte que
estava morrendo.